Logo na primeira vez,
olhou e fez pouco caso.
Parecia tão desgrenhada.
Não tinha sequer rebolado.
Chamou o mais próximo amigo,
curtiu com a tal menina.
Sorriu feito bode velho e
foi-se levando a rebeldia.
Passou e causou pelas ruas.
Se deu todo à boemia.
ficou ali pela praça, até o raiar do dia.
Esbarrou na segunda vez.
Estava bêbado e chateado.
percebeu o seu decote e
viu o novo penteado.
Sentiu perfume, mas estava enfesado.
Riu de novo da mulher.
Xingou de modo mais baixo,
E rinchou alto feito um asno.
Bebeu veloz tudo o que viu.
Que com tamanha foi a mistura,
Acordou pelado, com frio, no meio da rua.
Ao vê-la mais uma vez.
surgiu um novo fato:
Parou e fitou tanto
Que ficou com olho esbugalhado.
Estava tão diferente.
Tão bonita que chega refletia.
Não tinha ainda o tal rebolado.
Mas cantava, que ele chega tremia.
Saiu tão transtornado
que toda a cidade lhe ria.
Dormiu tão pesado nesta noite, que quase não vê o dia.
Voltou logo no dia seguinte,
Seduzido por tão bela cantoria.
Passou por uma butique.
Comprou o vestido mais caro.
Trazia-lhe ainda alianças
e um buquê de Flor de Março:
- Sereia case comigo,
pois hoje sou seu escravo!
Metade da cidade correu,
outra metade sorria.
O errante boêmia entrou na linha.
A moça lhe apareceu com olhos aboticados.
Estava mesmo linda, cheirava bem como orvalho.
Mas a expressão era dura
e o rosto sombreado.
Nenhum sorriso lhe cedeu.
Sentou-se bem ao seu lado.
Não se importou com os deboches.
Nos braços do amado, morreu.
2 comentários:
Gostei... uma certa inversão de valores... inversao nao... uma mudança de ponto de vista.
Pena que rolou uma morte aí. Os póbi.
bjo
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