22 novembro 2008

Sobre o amor

Quero que as pessoas parem de falar sobre o amor. É, quero que todo mundo, por pelo menos um dia parem de falar sobre isso. Quero sair de casa e não ver ninguém falando sobre como é bom amar; sobre como sofreu quando perdeu o seu amor, e principalmente, quero que parem de definir o amor, por um dia.

Quero andar o dia inteiro pelas ruas sem ter que me deparar com essa bendita palavra: AMOR. Ah como seria gratificante olhar um casal adolescente no banco daquela praça olhando um no olho do outro, sem falar nada. Como seria de bom grado ver o filho abraçar a mãe apenas pelo ato de abraçar. Como seria aliviante ver aquele pastor pregando a palavra de seu Criador sem falar absolutamente do sentimento que supostamente tem por Ele ou que devemos sentir por todos, inclusive pela pedra "bendita" que acabara de arrancar pelo menos metade da pele do dedo do pé.

Quero seguir pela cidade sem roer ao som do invisível Dj localizado no bolso frontal direito de minha bolsa preta, tocando algum sucesso piegas e meloso carregado de significado bobo e revoltado ocasionado pela perda de um amor. Quero não me entregar com sorriso bobo e cantarolado alto ouvindo aquela outra música revoltante que ativa o sentimento mais puro por aquele "sujeito" que já nem merece tanta emoção.

Quero ver, por um dia, uma sociedade apática e robótica. Não haveria qualquer manifestação de sentimentos, bons ou ruins (e há de convir que eles andam muito próximos). Não haveria choros, risos ou suspiros sinceros. Não haveria rancores, não haveria olhos de gota e pés acanhados, tão pouco haveria expansivos desavisados esbarrando no coletivo com o amor que já nem lhe cabe no peito.

Quero uma sociedade ligeiramente altruísta e menos hedonista (deus, como quero não ser hedonista). Quero que as pessoas parem de falar do amor, pois ao contrário de Cazuza, cansei mesmo é de toda essa caretice, toda a babaquice da eterna falta do que sentir. As pessoas se ligam tanto naquela receitinha ridícula de cinema que não buscam seus próprios meios de atingir o próprio apogeu sentimental. Então por um dia, quero apertar o reset.

Minha única preocupação é não haver plantões cardiológicos o suficiente para o dia seguinte.


(Droga, falei sobre o amor... Nada senti)

20 novembro 2008

Não é por aí

Não que eu seja uma má pessoa.
Não que eu queira nada também.
Não que eu não sinta necessidade,
de sentir isto e ir além.

Não que eu tenha muito medo.
Não que eu não enxergue ninguém.
Não que não planeje, não pense,
só que no momento não convém.

Não quero insistir nem quero mentir.
Não quero atrair nem desperdiçar alguém.
Apenas não quero tagarelar por aí,
e justificar bobagens por amar alguém.

Coleção Pingos de Quê - by Magaliana