Ok, só para encerrar o mês com um post a mais...vai mais uma crônica da série
A VIDA COMO NÃO DEVIA SER
Sempre assim: faz pouco caso, gaba-se, posa de moderno. Tudo mentira. Carlos sempre fora um homem romântico, ingênuo e inseguro. Nunca teve traumas que o transformassem no que é agora, apenas experimentou uma máscara e gostou.
À noite as conseqüências o corroíam. Nunca teria alguém de verdade, nunca o seria para alguém. Sua insegurança travestida de arrogância e libido repelia toda e qualquer tentativa de relacionamento. As meninas (preferia as bem jovens) por mais modernas que fossem não o acompanhavam. Dormiria só de novo.
Rosto jovial apesar da idade um tanto avançada, era bonito, inteligente e provido daquela que seria a mais afiada lábia da cidade. Tinha todas as mulheres que queria, apaixonava até quem não queria, mas nunca mantinha ninguém.
Sexo, carinho, papo, companhia. Não importava o que a garota buscava, o teria no ato. O problema nisso? Todas também o teriam e ele não escondia a ninguém. O problema de Carlos era um só: nasceu na época errada. Facilmente levaria sua vida em outrora, mais especificamente no século XIX. Desfrutaria da mesma agonia da insegurança que Junqueira Freire e da boemia típica da época. Teria todas e uma: as mulheres ainda não tinham vez. Mas nasceu hoje, aqui.
Há poucos dias Carlos se cansou da máscara. Este objeto nocivo já lhe tirava a razão e o sono com o calor sufocante que produzia em sua face. Não tardou e conheceu Virgínia. Doce, leve e divertida, o apaixonou. Pediu-a em casamento.
Naquela manhã Virgínia teria encontrado uma máscara. Gostou.