29 maio 2010

É por aí

– EU NÃO AGUENTO MAIS!

– E... lá vem ela de novo...

– O que você quer que eu faça?! Engula tudo a seco?! As pessoas não se respeitam e só falam na terceira pessoa do infinitivo! Eles não tem coragem de falar uns com os outros diretamente sobre suas frustrações e ficam lá, se alfinetando indiretamente quando a coisa pega para valer!

– E você? Já foi falar com ele sobre aquele lance do preconceito?

– Não muda de conversa! Estou reclamando dos outros!

22 maio 2010

Novela dos Deuses!

– Você nunca me leva a sério – repetia o homem pela milésima vez, enquanto a mulher só balançava os pés freneticamente, sentada em sua frente e roia a última unha que lhe restava.

– Difícil levar a sério alguém como você, confesse! Você sempre se atrasa! isso quando você vem!

– Lá vem você de novo com essa história, você sabe muito bem que eu não tenho culpa... É o meu trabalho, é o que eu faço!

– Pois então faça sozinho! Eu já cansei dessas suas tarefas intermináveis! Eu aprendi a cozinhar para quê?! Você nunca está! Saia daqui, arrume outro canto para dormir. Para mim, já chega!

– Mas, meu amor...

– Chega!!!! Ou você sai agora, ou eu aviso a Eles!

– Opa, peraí, também não precisa tanto! Eu vou, pode ficar calma. Mas acredite, eu te amo, eu não faço por mal...

– Fora!

Já na rua, segue logo para o seu julgamento. Afinal de contas, de nada adiantaria acalma-la, Príamo mesmo se denunciaria. Ela certamente já deveria estar contando para eles, mesmo! Pensava com uma tremenda dor de cabeça, fruto da última tarefa. Não que ela não tivesse razão, se tem algo que era difícil de lhe tirar, era a razão, mas ele também não tinha toda essa culpa, de fato seu trabalho o consumia.

No dia seguinte tentou conversar com ela, a T.P.M. de Atena sempre foi um problema, mas não durava muito devido ao seu indiscutível caráter racional. Ele não era muito inteligente, seu forte sempre foi a força, mas sabia que a TPM, pelo menos, seria fácil de manobrar esperando um ou dois dias.

Chegando ao Olimpo, começa a confusão:

– Eu não acredito! Você fez fez o quê?! Você sabe quanto a gente gastou de energia para fazer essa criatura não se envolver com esse tipo de coisa?! Ela não foi feita pra isso! Ela mesma, pediu!

– Me desculpe Zeus, eu não tive como evitar! Ela nos ajudou tanto, e, puxa vida, ela é uma deusa, né? Com a desculpa da palavra, mas fica complicado alguém simplesmente ignorar a sua filha!

– E você sabe como você pretende desfazer a besteira? Ela deixou sempre muito claro que não queria se meter nisso para não desvirtuar suas habilidades. Agora ela cozinha e Ares já está de chacota, dizendo que a TPM dela é um semi-deus!

– Me desculpem, não sei como ajudar, mas ainda preciso da ajuda de vocês, os gregos ainda estão lá no pé da porta. Desculpe mesmo... Ela já parou de chorar? Posso falar com ela? De boa, véio, digo, Zeus. Faço o que vocês quiserem, é só pedir. Se for verdade, eu cuido dele com todo amor e carinho, eu dou um jeito lá em casa, a mulher nem vai sonhar. Só diz que vai continuar ajudando a gente.

– Eu vou lhe ajudar. Volte para casa, reuna seus soldados, visitarei o povo grego e pacificarei suas mentes. Não estou grávida, não se preocupe, não seria irracional a tal ponto, sou Atena! Logo vocês receberão uma visita muito especial: um presente. Aceitem com todo carinho e depois cuidem de manter essa paz, ok? Agora vá. E certifique-se de que ninguém saberá de nossas aventuras, jamais. Não nasci para essa porcaria que Afrodite tanto venera.

– Muito obrigada, minha Deusa! Meu am... Desculpe-me, é a força da expressão. Vou para casa, muito obrigada por tudo! Tróia te ama! Esteja sempre certa disso!

Dias depois, os Gregos entregam o Cavalo a Tróia e o resto da história, acho que vocês já conhecem. Nada pior do que a mente de uma mulher contrariada. Mas não digam que eu lhes contei... Afinal de contas, ela é "virgem".

06 maio 2010

Coisas que só aprendi quando era tarde demais

Tomando a deixa do querido Snoop, que em certa feita sugeriu um livro com o tema deste post, decidi pontuar algumas coisas que eu aprendi somente quando já era um tanto tarde DEMAIS!

Aos seis meses de idade, mais ou menos, prendi que comer coco não é algo bacana, nem muito menos confiar nos irmãos como babás para se certificar que você não fará isso novamente;

Aos seis anos aprendi que meninos e meninas ainda não tem noção de covardia ou diferença dos sexos, e que portanto, meninas podem levar socos na cara por tentarem dar uma de valente com o menino chato;

Aos sete anos (por aí), aprendi que não é legal brincar perto da porta de um quarto onde tem pessoas discutindo, pois você pode apanhar porque estava "xeretando", mesmo se você não souber o que é isso ainda;

Aos nove, aprendi o significado do palavrão "galado" e que esta palavra é bem mais ofensiva do que os natalenses pensam. O tapa que levei na boca que o diga;

Aos dez anos aprendi que as amigas podem usar sua capacidade "tagarelística" para distrair um bom homem enquanto rouba um pacote de maços de cigarro dele, e depois ainda pode tentar lhe obrigar a vender o tal pacote, lhe deixando com medo da polícia por alguns anos;

Aos treze anos de idade, aprendi que se uma sala só tem seis meninas e vinte e um meninos, não é legal ficar de mal com elas, se os garotos lhe acham uma CDF chata e gordinha;

Ainda aos treze anos também aprendi que usar seu status de CDF pode ser favorável para uma vingança em massa, passando a cola completamente errada para toda a turma. Só que fazendo isso, a turma pode não querer falar com você pelo resto do ano;

Aos quinze anos aprendi que para dar o primeiro beijo em alguém que também é boca-virgem, é melhor ser explícita com o cara, ou ele lhe dá a bochecha, e você vai ter que apelar pro puxavante de queixo;

Aos 16 anos aprendi que gesticular muito em uma conversa empolgada no meio de um show pode ser constragedor... e pode machucar as partes íntimas de alguém;

Aos 18 anos aprendi que fazer sexo com o namorado com a porta do quarto dele destrancada, significa que sua sogra pode entrar a qualquer momento;

Também aprendi que eu no volante sou perigo constante;

Aos 21 aprendi sexo no carro pode ser mais constragedor do que o esperado, se for dia do carro do lixo passar...

Aos vinte e dois anos aprendi que recusar um anel em um aniversário de namoro, que simboliza a vida do seu namorado pode trazer drásticas consequências quando você começar a aceitar a ideia do casamento;

Aos 22 anos, eu também aprendi que ficar com um cafajeste é um bom meio de curar uma dor de cotovelo. Mas ficar com mais de um de uma vez (calma, de uma vez leia-se na mesma época! Nada de menage a trois) pode ser um problema, principalmente se você não souber qual é o telefone de quem...

Ainda aos vinte e dois anos, ainda, aprendi que amigos também namoram, mas não duram se você gosta de outro alguém;

Aprendi que amnésia alcoolica não é tão interessante, pois o sentimento de culpa do que você não sabe que fez permanece. E aprendi que só pode haver uma ovelha negra na família;

Aos vinte e três anos aprendi que nunca devemos dizer nunca. Aprendi também que não é legal expor problemas no trabalho, e que as pessoas podem usar suas palavras contra você;

Aos 24, aprendi que as pessoas também roubam em aeronaves... Aprendi que os argentinos que trabalham no aeroporto de Buenos Aires são em sua grande maioria, filhos da #%&^. Aprendi que a Gol é uma empresa filha da ...

Aprendi que tentar assustar um pombo em um chão de lodo pode causar uma dolorosa queda (principalmente se for em uma ladeira)...

Aprendi que farinha de linhaça em excesso dá uma p*** dor de barriga. Aprendi que se você teve epilepsia na infância, provavelmente voltará a ter na fase adulta;

Aprendi que misturar Gardenal com relaxante muscular, anti alérgico e antiinflamatório pode atrapalhar seu rendimento no trabalho... E em quaisquer outras atividades;

E acabo de aprender que sinceridade e ambiguidade podem ser um grande problema se andarem juntas...

02 maio 2010

Amizade de mulher

– Tá na cara que esse sem vergonha não quer papo por que tem outra!

– Deixa de conversa, menina. Ele tá cansado. Trabalha muito, gente importante. Vai ver, tá juntando aí o dinheiro pra vocês casarem!

– Acorda, criatura! Desde quando homem faz de meta casamento?! Isso é coisa pra mulher! E eu pelo menos num conheço uma pessoa importante que trabalhe de verdade... Você tem é que acordar pra vida, vive vivendo aí seus romances imaginários que num saca a realidade. Você precisa de um homem de verdade para ver como é a vida... Mas voltando ao que interessa, aquele praga, me paga! Ah, se paga!

Assim, já dolorida, a amiga que ouviu meia hora de lamúrias, desliga o telefone. Como se não bastasse ter que ouvir um "colecionadora de ossos" ambulante reclamar do canalha que namora, mesmo sabendo quem é, ainda tinha que ouvir essa masoquista vir falar que ela era encalhada e alienada?! Ser mulher já é negócio difícil, ter que aturar outras então, não tem quem aguente!

Foi pra cozinha se empanturrar de brigadeiro que fez pela manhã pra afogar às mágoas que nem eram dela, e descontar a raiva da amiga na colher e na obturação, mordendo o instrumento ferozmente.

– Ela tá pensando que é quem, afinal? Fique lá se achando a poderosa do pedaço com seu status "namorando". Ligo não, são as amigas dela que conhecem o namorado dela bem melhor, no fim das contas! Fica dando uma de puritana moralista que acaba perdendo o melhor do namoro, e ganhando o pior (chifre, não preciso explicar o melhor, né?)!

– Deixa, pode ficar com seu status que eu prefiro a experiência. Fico com minha vidinha sem status. Ela é perfeita quando não estou afim de pagar as contas mesmo! Faço um charminho bebendo uma água, e pimba! Vem um infeliz qualquer achando que tem chance pagar uma bebida cara (que muitas vezes tirou da mesada que a mamãe ainda dá!). Converso uns trinta minutos, que é o que a paciência permite e pronto, ele paga a conta. Vidinha boa aperriada.

Pensou por uns quinze minutos em ligar para a tal "amiga" para dizer uns desaforos. Não daria nome às santas responsáveis pela angústia da "namoradinha infeliz" pois teria que se entregar também. Ela não queria isso, não ainda, queria ver a amiga sofrer primeiro, acreditando nela por tempo suficiente para apreciar a vingança. Pensou se não seria conveniente ainda namorar o canalha só para esfregar na cara da agora inimiga quem é ingênua de fato, mas herdaria a coleção de chifres, e isso ela definitivamente não queria.

Deixou para lá, acabou o brigadeiro. No dia seguinte voltou a praticar natação para eliminar aquele brigadeiro maldito que a amiga fizera consumir (claro que ela culpou a outra, qual o problema?). Volta e meia encontrava com o tema do telefonema. Um affair bem interessante: piscina, vingança, banheiro feminino, fruta proibida...

No mês seguinte a amiga ligou de novo. Uma hora no telefone de desculpas e solidarizações:

– Ai amiga, vem para o meu aniversário amanhã, vem! Não vamos mais brigar não. Homem nenhum pode nos separar. Mas deixa eu dizer, ele está tão mudado, tão atencioso, tão prestativo.

– Claro, amiga, você está certa. Ah, é?! Que bom, amiga, você merece o melhor!

– Pois pronto, lhe espero amanhã, viu?! Beijo grande, amiga! Te amo muito, esteja sempre certa disso! Ah! Ele falou que você está na turma de natação também! Que felicidade amiga, é bom perder os pneuzinhos, né? Eu também vou entrar na turma, estou me sentindo uma baleia!

– Ah, foi, pois é! Que bom, então. Deixa disso que você é linda! Tchau amiga, eu também, te amo, viu? Até amanhã.

O telefone desliga.

– Agora lascou tudo! Aquela frígida acabou com o meu negócio! Eu mato o Ricardo. Ah, se mato!

Coleção Pingos de Quê - by Magaliana