26 novembro 2009

Quando uma história não tem fim


Existem muitas coisas angustiantes na vida de um ser humano, mas sem sombra de dúvida, uma das que mais aflinge as pessoas é a expectativa do fim. Há algo pior do que uma história que não tem fim?

As pessoas mostram uma terrível fobia à morte, mas sofrem mesmo com a ansiedade de chegar ao fim, pois no fim das contas (olha aí a fixação) todo mundo quer saber quando e como vai ser o fim. Não fosse isso, não haveria tantos filmes sobre tantas premonições e documentos a respeito do fim do mundo (que é bom esclarecer logo, é em 2012, certo? Se você está lendo isso depois de 2012, dos dois um: ou o mundo acabou e esqueceram de lhe contar que você está morto, ou eu fui importante para alguma coisa durante a vida e você é um extraterrestre que coletou meus dados para estudar a humanidade, beleza?).

Mas tem um tipo de fim que aflinge a humanidade bem mais que o fim do mundo, ou o fim dos seres humanos ou mesmo a própria morte, enquanto indivíduo. Acreditem, o que as pessoas mais anseiam é o fim de uma história de amor.

Nós, seres humanos, temos uma fixação abominável pela resolução de uma história de amor. Se acha bobagem o que estou dizendo é porque você não é humano, ou é amargurado (corneado, mal amado, nunca amado, nunca amante) demais para não dar o braço a torcer. Uma prova clássica dessa necessidade quase primária é a alienação que sociedade sofre com uma novela televisiva, com os seriados e com os irritantes e pegajosos filmes de comédia romântica. Não se culpe, não os culpe, é nossa natureza! não importa quanto você lute contra ela, você vai assistir ou vai ler a respeito na internet para saber o final (óbvio e pateticamente feliz: os mocinhos ficam juntos).

Infelizmente, a vida real não é pateticamente feliz como nas histórias de amor que consumimos. Nós passamos a vida inteira entre histórias, romances e esquetes que não são coloridas, bem escritas, nem finalizadas, como as ficções. Até aplicamos um pouco de ficção no dia a dia, na tentativa de deixar a situação menos feia, mas a ilusão, na maioria das vezes, só piora nossa situação.

Mas no fim, há histórias que não têm fim (paradoxal). Abortamos as histórias, sangrando deiberadamente nossos sentimentos e colamos outra por cima, como curativo Band-Aid, ou costuramos, feito agulha e linha, intercalando as duas histórias, que quase sempre acabam sendo abortadas, simultaneamente.

Precisamos de mais histórias com fim. Precisamos fundamentalmente de histórias com FINAL FELIZ. Parece presunção, mas creio falar por todos quando afirmo que todo mundo está cansado de ver tanta dor de cotovelo desnecessária, tanto amor "castrado", e tanta gente tremendo burramente ao se encontrar com o outro ser delirante só porque tem medo de como chegar ao fim.

História de amor abortada é história sem fim. Corta essa de que isso passa. Estou falando de amor. A-M-O-R. Amor não passa! Amor, no máximo adormece. Sim, somos capazes de amar várias pessoas ao longo de nossas vidas, desde que as histórias de amor tenham fim, para que a outra nasça. Costurar outa pessoa não vai acabar um amor. Pode prejudicar o tesão e perturbar a paixão entre os que se amam, mas não vai afetar o amor (tá, às vezes intensifica). Ele é que nem filme na televisão: você pode desligar a tevê, mas o filme vai continuar passando, só vai sair da tevê quando acabar. Mude o canal, faça o que quiser, ele está lá, e a grande possibilidade de você voltar a ele, só pra ver o final (que já conhece), também.

Amem com mais força de vontade, pessoal. Se permitam chegar ao fim. Tem estudos afirmando que essas ansiedades, estresses e inseguranças podem até causar câncer. E outra: já falei a vocês, o mundo vai acabar em 2012! Vão abortar suas histórias por conta própria, sabendo que o mundo pode fazer isso por vocês? Vivam suas histórias e pelo amor de Deus, Terminem! Odeio ter que ver uma história pela metade, dá uma vontade tão grande de reescrever tudo para acabar do jeito certo. Não há nada mais enfadonho do que viver de ficção, ou mentiras...

5 comentários:

Formigando disse...

Reijeee
gostei!!
hehehe

gostei muito tb da parte
Se você está lendo isso depois de 2012,... ou o mundo acabou e esqueceram de lhe contar que você está morto, ou eu fui importante para alguma coisa durante a vida e você é um extraterrestre que coletou meus dados para estudar a humanidade, beleza?

KkKkkKKKk

doida que é amada demaaaaaaais!!
de ruma!
beijooo

Anônimo disse...

Valeu, Mariana! Muito legal! E o que é melhor, sem acidez. Ao contrário, com "muito amor", em busca de um happy end. Concordo com você plenamente.


Tassoares

Sah Elizabeth disse...

É Mariana, é fogo. Muitas vezes falta "potência" para as pessoas "irem fundo" nas histórias...

Concordo em gênero, número e grau: não há nada mais enfadonho do que viver de ficção, ou mentiras...

Beijo.

Sah Elizabeth disse...

Vortei...

Tem um selinho de amizade pra vc lá no blog Mari!

Beijos!

luiz caju disse...

Nessa, eu jurei que não iria opinar, tou sem tempo para escrever outro texto sobre isso agora. Beijos =D

Coleção Pingos de Quê - by Magaliana