01 outubro 2009

Voo 7452 - De repente Natal...(parte 1)



O nervosismo tomava conta do casal. Ansiosos, com um misto de alegria e insegurança, verificavam suas bagagens e documentações freneticamente momentos antes da partida. Uma até parecia que ia para a Inglaterra com sua dedicação britânica no tocante aos horários, acordando pontualmente às 2h da madrugada, chegando pontualmente às 2h30 da madrugada na casa dele e finalizando seu chek-in britanicamente às 3h da manhã. O outro já parecia mais ciente de seu tinerário: não dormiu, não pestanejou, nem mesmo respirou fora do ritmo, afim de não se perder com nenhum detalhe.


Seguiram para o avião. Apertado, como qualquer voo econômica que se despreze, mas a comida surpreendeu: nada de balinhas Toffe. Ela até brincou, puxou seu bloquinho de notas e passou a classificar os voos, não sabendo esta, que seriam tantos.


No primeiro voo, (Natal - Salvador) cadrápio interessante, biscoitos salgados e recheados, suco de laranja em caixa, pepsi, guaraná antártica e água mineral sem gás (essa mania de ser brasileiro, com certeza ela amou). Ah, e balinhas Setebelo sabor maçã verde, sua favorita. No segundo voo (Salvador - São paulo) o cardápio se repete, com alteração somente na marca da água, para o desprazer de ambos, e mudança do sabor da balinha, ainda Setebelo (sortido!). No terceiro e último vôo, a novidade: sanduiche natural com alface, peito de peru, catupiri, queijo mussarela e tomate em um pão super gostoso...delícia. Os líquidos, bom, se repetem.


Essa pseudofelicidade não poderia ter um fim mais trágico. Sairam do avião. A cabeça de um pesada mais que a do outro, seus ouvidos estalaram tanto durante os voos que temiam verificar se seus tímpanos ainda funcionavam plenamente e simplesmente ignoravam a sensação de surdez. E de repente,começa a história:


- Minha carteira! - Diz ele assustado e ainda desnorteado com as mudanças cosntantes de pressão no corpo.

Apalpou sua calça, onde deveria estar a carteira e imediatamente seguem de volta para o avião, ainda no corredor do desembarque.
Ela ainda fica uns instantes, revirando todas as bagagens de mão que levavam na esperança de encontrar a desparecida. Em vão.

Em espanhol que de fato não a interessava, compreendeu a forma até agressiva da funcionária do aeroporto, taxativa, mandando seu namorado voltar.

- Hacía no, por favor. No permitido entre usted en el avión.

Ele explica com nervosismo notório que sua carteira sumiu de sua calça e que já havia verificado seus pertences, constatando que não sairam do avião com ela, mas a mulher insiste que ele não poderia procurar a carteira, pois esta havia sumido, e ele não sabia se havia caído no avião ou se havia sido furtada.

Após longos 20 minutos de conversa, a equipe de profissionais, se é que podem ser chamados assim, seguem para o avião para fazer a varredura da aeronave, e como se pode imaginar, voltam sem resultado positivo. Neste momento, o casal jovem e desesperado, por saberem que todos os documentos do rapaz ali se encontrava, falam da possibilidade de furto, já que a garota havia pego na carteira minutos antes do desembarque para conferir os documentos.


Os funcionários, com tom arrogante e despreocupado os tangem, enviando-os a um saguão de embarque de voo internacional, afirmando que tomariam providências para ajudá-los com a nova situação: foram furtados e agora, o rapaz não ingressaria no país, perdendo sua viagem e abandonando sua namorada, em outro país.


Os passageiros deste voo seguiram em frente. Não houve revista de qualquer tripulante ou passageiro, nem retorno dos tais funcionários da Gol que "tomariam as providências". Agora, presos entre o saguão de embarque e o de desembarque, o jovem casal passaria o que seria o dia mais longo de suas vidas.
Continua...

(Apenas esclarecendo aos leitores, essa história é verídica e bem atual. Os personagens, como se pode imaginar, sou eu, Mariana Araújo de Brito, e meu namorado, Maurício de Figueiredo Formiga Júnior, que embarcamos ontem rumo a Buenos Aires, no voo 1804 daqui de Natal, pela Gol, para o pior pesadelo de nossas vidas... Essa é a primeira parte de uma crônica-protexto, que pretendo divulgar aos quatro cantos do mundo, para que todos fiquem sabendo porque - hoje eu sei - brasileiros odeiam os argentinos...)

4 comentários:

Formigando disse...

FDP's ... eles vao ver!!

luiz caju disse...

=/

luiz caju disse...

=/

Psiques disse...

Argentinos Boludos... qdo eu digo ninguem acredita.

Coleção Pingos de Quê - by Magaliana