09 setembro 2009

Despedida de solteiro

Caminhou pela última vez naquela avenida. Observou atentamente cada centímetro do canteiro. Contou as roseiras, perseguiu as borboletas, mediu os formigueiros e também a altura da grama. Passeou durante quatro horas gravando o máximo possível de sons, imagens, cheiros e sensações possível para tal experiência.

Voltou para casa ao cair da noite, tomada pela maior sensação de bem-estar que havia sentido em toda a vida. Derreteu-se em prazer degustando sua torta favorita, comprada naquela casa de doces que ficava pertinho de sua casa. Tomou o mais caro e saboroso vinho que tinha conhecimento acompanhado de queijos finos, enquanto ouvia a música favorita de seu álbum favorito.

Inebriou-se com seu perfume favorito. Não o que ela usava, mas o que mais proporcionou prazer em sentir em outra pessoa, em toda sua vida. Cochilou de modo saboroso, sobre suas almofadas de plumas, abraçada ao seus afáveis braços de pelúcia.

Hoje ela não arrumou a casa, não lavou a louça nem varreu o chão da sala, sempre tão movimentada. Sabia que alguém cuidaria disso mais cedo ou mais tarde. Pensou ainda se não podia pelo menos separar o material de limpeza, que ela escondia lá no porão. Mas o remédio já fazia efeito. Os pingos de sangue até formaram um desenho bacana na parede. Só deu trabalho recolher os miolos do noivo. O teto da casa era alto.

2 comentários:

Formigando disse...

ótima descrição!

Mas ficou dificl, para mim, identificar como o bicho morreu.

rsrsrs
boa mow

(espero q a unica coincidencia com a vida real seja os braços de pelúcia. kkkkk)

=p

luiz caju disse...

Cuidado viu Formiga?
Chega deu medo aqui..

=p

Coleção Pingos de Quê - by Magaliana